sexta-feira, 7 de setembro de 2012

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ÊXTASE

Escuro inda o dia
Solto a navegar
Aos ventos seguia
Sem rumo, sem guia
No oceano-mar

Nuvens a cobrir
Toda a imensidão
Como decidir
Para onde ir
Face o furacão?

No céu anunciava
O arauto clarão
A chuva se agrava
Tempestade brava
Terrível trovão

Dado à própria sorte
Vivendo ermitão
No mar sem um norte
Que as ondas mais forte
É a solidão

Só então, neste mar
Nunca navegado
Mais que navegar
Tem pois de enfrentar
Aos desconhecido

Ante tais rugidos
De íntimas paixões
Fundem-se os sentidos
E assim confundidos
Vem-lhe estas visões

Vê nos céus então
Luzir, centelhar
Celeste feição
Divina visão:
A Vênus brilhar

Astro d'alvorada
Qual deia romana
Nos altos alçada
Veste iluminada:
Luz do Sol emana

Olha a estrela-musa
Que afaga-lhe a face
Co'a luz que lhe cruza
Aos olhos efusa
Tanto que o traspasse

Tocando-lhe o rosto
Co' extático ornar
Na visão transposto
Sente mesmo o gosto
Desse iluminar

Ah, luz tão serena
Doçura tão terna
Tão tranquila, amena
De força tão plena
Etérea e eterna

Real, ilusória?
Bendiz-lhe ou maldiz?
O que pois seria?
Fantasmagoria?
Não sabe, não diz

Mas sabe que prova
Do brilho o sabor
De embriaguez nova
E canta-lhe em trova:
Conhece o amor

(G. M. Brasilino)

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