terça-feira, 14 de junho de 2011

postheadericon Hitler e Mussolini eram de Direita? – Parte II



Como é sabido, “Nazista” significa “Nacional Socialista”. O nome oficial do partido nazista era National Sozialistische Deutsche Arbeiterpartei, literalmente traduzido como “Partido dos Trabalhadores Nacional Socialista Alemão”. Enquanto Hitler utiliza (no Mein Kampf e elsewhere) claramente a expressão “Socialismo” para indicar a sua ideologia política (sempre, é claro, distinguindo-o do socialismo marxista, que, segundo ele, era judeu), Mussolini não o faz (na Dottrina del Fascismo), colocando-se contra o socialismo. Ambos se opõem ao socialismo marxista. Mas ambos se opõem também ao liberalismo e ao capitalismo.

É verdadeira a legação de que Hitler e Mussolini eram ditadores de extrema direita? O conceito de “Liberdade”, princípio basilar da Direita, não foi adotado pelo nazismo ou fascismo de uma forma “extrema”, antes, reconhecido apenas como liberdade dentro do Estado: “E se la libertà dev'essere l'attributo dell'uomo reale, e non di quell'astrattofantoccio a cui pensava il liberalismo individualistico, il fascismo è per la libertà. È per la sola libertà che possa essere una cosa seria, la libertà dello Stato e dell'individuo nello Stato” (La Dottrina del Fascismo), ecoando aqui as concepções de Hegel (instrumentais na formação de Gentile, o teórico do fascismo, assim como instrumentais na formação de Marx, o teórico do socialismo “científico”).

O que se observa no fascismo não é uma forma extrema da ideologia de direita, mas uma forma extrema de nacionalismo e estatismo, levando ao racismo e ao totalitarismo. Tal nacionalismo os impedia de ter uma concepção de igualdade conforme ao esquerdismo internacional. Entretanto, vemos no Mein Kampf diversas vezes o conceito de luta de classes, em partes extensas que, se apresentadas em uma outra linguagem (ou, às vezes, a mesma) poderiam ser atribuídas a qualquer marxista, como a luta de classes e do domínio das classes burguesas (identificadas com o judaísmo), o que seria natural a um partido chamado Arbeiterpartei (partido dos trabalhadores). Podemos dar como exemplo (grifo nosso):

O exército uniu o povo que estava dividido em classe: e quanto a isso, tinha apenas um defeito, que era o Serviço Militar de Um Ano, privilégio garantido aos que haviam passado pelo ensino médio. Isso foi um defeito, porque o princípio da igualdade absoluta foi asim violado; e aqueles que tinham uma melhor educação foram assim colocados de fora das cadeiras as quais o resto dos seus camaradas pertencem. O contrário teria sido melhor” (Mein Kampf, Parte um, cap. 10)

Para incorporar à comunidade nacional, ou simplesmente ao Estado, o estrato do povo que agora formou a classe social, as classes superiores não devem ser diminuídas, mas as classes inferiores devem ser elevadas. A classe que move esse processo nunca é a classe superior, mas a inferior que está lutando por igualdade de direitos.(Mein Kampf, Parte um, cap. 12)

Obviamente Hitler (assim como Mussolini) coloca muitas restrições à igualdade e liberdade, nomeadamente de conotação racial. Mas isso não os coloca em direção à Direita.

Ambos adotavam concepções revolucionárias (contrárias à própria concepção de “Direita”). Mussolini fundou o grupo político Fasci d'Azione Rivoluzionaria.

Ambos eram parte do movimento trabalhista, o que se observa mesmo no nome do partido nazista.

Mas o mais importante de tudo: tanto em seus escritos quanto em sua prática política, Hitler e Mussolini se opunham ao sistema capitalista. O liberalismo econômico que caracteriza a Direita é incompatível com as convicções pessoais e com o governo desses ditadores.

Extrema Direita” é uma forma ideológica (e não científica) de colocar Hitler e Mussolini ao lado da direita histórica (Reagan, Churchill, etc). Eles não podem ser tratados como extrema direita porque não representam a ideologia polícia da Direita; seu pensamento não é uma forma “extremada” ou “extremista” do pensamento de direita. Classificar “Stalin” como de extrema-esquerda seria coerente porque existe uma continuidade ideológica e uma continuidade de discurso (a mesma linguagem, as mesmas narrativas), assim como uma mesma origem, em relação a outros políticos de esquerda “não-extrema”, como, os social-democratas pós-marxistas (até mesmo no título: “Social-Democrata” era o título do partido marxista do qual advem os bolcheviques). Há semelhanças e gradações, mas toda ruptura é justificada pelo uso “extremo”. Não há qualquer continuidade entre Hitler e Churchill, ou Tatcher, senão exclusivamente que se opunham ao socialismo. Ora, não é evidente que tratar todos os adversários do socialismo sob uma mesma alcunha é metodologicamente espúrio, além de puro propagandismo? Não é sem motivo que a esquerda militante se utilize da expressão "fascista" como detratação verbal a quem quer que se lhe opor.

Enquanto a forma extremada do pensamento de direita é a abstenção quase completa do Estado de intervir na economia (e seria menos extrema conforme admitisse intervenção na economia), o que se deu na Alemanha e na Itália foi extamente o oposto. Estado forte e intervenção forte na economia: Capitalismo de estado (o mesmo que ocorreu na Rússia, na China, e em qualaquer outro lugar onde tentou-se implantar o socialismo).

Portanto, é problemático caracterizar Hitler e Mussolini no espectro político-ideológico direita-esquerda. Isso não se deve a, como sói dizer, qualquer falha na natureza dessa classificação, mas sim do uso irrestrito dela.


Montenegro

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito interessante seus comentários. Classificar o Nazismo e fascismo como direita, foi devido ao conhecimento e publicação mundial das atrocidades feitas por estes regimes de esquerda, e como pegou muito mal, a esquerda o regeita e joga para o inimigo sua carga, e como eles dominam a produção da informação, enganou todo esse pessoal que são tapados e ignorantes!
Não vejo problema nenhum na classificação do Fascismo e Nazismo como de esquerda, mas para mim, seria um intermediário para se chegar ao comunismo! O qual vejo o Brasil hoje como um país politicamente e economicamente nazi-fascista (governo Lula (pró-comunista) aumentando a sua intervenção na economia, tendo em suas mãos os mega-milhonários/empresários através de concessões de grandes empréstimos, obras públicas, etc...)com o objetivo final, o new-comunismo, o qual não precisa o governo matar sua própria população, que diferente disso, promove o feminismo, abortismo, homossexualismo (baixa natalidade), fomenta a criminalidade, não investe em saúde e sua proteção, nem em educação (aumenta a mortalidade e reduz a natalidade), etc para controle do número da população e das bocas que o país precisa alimentar (Gramsci)!
Marcos

Anônimo disse...

Estranho o anônimo que me antecede classificar alguém como "tapado" e "ignorante", considerando o teor de sua própria postagem...