segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

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O NASCIMENTO DO AMOR

Quando em veneração louvara o canto antigo
Ao caçador Amor a s'arrojar, frecheiro
Não receara o aedo em seu cantar primeiro
Que suscitava ao mundo um infausto perigo
Errara a arcaica ode em invocação à Musa
Ou mesmo errara a Musa em su' ode invocante
Errara ao inspirar ao seu cantor que cante
Que com u'a férrea frecha ao coração seduza
Não nasce Amor c'a frecha atada ao coração
Não nasce de tal brecha, ainda que com dor
Possa nascer Paixão, mas não ainda o Amor
Que nasce em hora certa assim como o Verão
De chofre não é que, pois, se faz o Amar
Antes se cria o Amor como se cria um nauta
A quem a sapiência é tantas vezes falta
Mas não lhe é falto o ver além do fúrio Mar
Ou muito mais será, em meio à Escuridão
O Amante, escavador, que indo além da Morte
C'a fúria de seu braço, inda mais do que a Sorte
Desvela a um Tesouro em sua expiação
E como o escalador do Ápice da Terra
Que ao grito da Montanha há de enfrentar qual mudo
Que com feridas sua jornada nobre encerra
Há de ali s'encontrar como que além de tudo

(G. M. Brasilino)

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